quinta-feira, 15 de outubro de 2009

A Era Dunga


Dio Mio! E non é que o bambino Dunga ganhou tudo que disputou como técnico
?

Por Carlos Augusto Ferrari e Márcio IannaccaDireto de Campo Grande


A nova Era Dunga começou no dia 16 de agosto de 2006, quando a seleção brasileira empatou em 1 a 1 com a Noruega, em Oslo, em um amistoso internacional. O confronto era o pontapé inicial para o trabalho do técnico, que pela primeira vez assumia o comando de uma equipe profissional. Campeão do mundo com o time canarinho em 1994 como jogador, ele aceitou o convite para cumprir uma nova missão: garimpar novos talentos e realizar uma renovação na equipe, que havia sido eliminada da Copa do Mundo da Alemanha de forma melancólica.

Na primeira Era Dunga, como jogador, ele viu o naufrágio do time comandado por Sebastião Lazaroni nas oitavas de final da Copa de 90, na Itália, na derrota para os argentinos. Quatro anos depois, a redenção. o time canarinho, que tinha Carlos Alberto Parreira como técnico, conseguiu o seu quarto título mundial. Em 98, porém, mais uma derrota. Desta vez, a França de Zidane derrubou a equipe brasileira de Mário Jorge Lobo Zagallo. Mas nada que mudasse a trajetória do atual treinador do Brasil defendendo a sua pátria.

Já como técnico, em sua primeira partida em Oslo, Dunga teve um resultado discreto. Daniel Carvalho, que hoje sequer é convocado, foi quem marcou o primeiro gol de uma equipe convocada pelo novo treinador. Daquele jogo em 2006 até o confronto da última quarta-feira, contra a Venezuela, em Campo Grande, pelas eliminatórias, o time disputou 50 partidas sob o comando do ex-jogador. Foram 34 vitórias, cinco derrotas e 11 empates.


OBSERVAÇÃO DE NOVOS JOGADORES

Desde que iniciou o seu trabalho na seleção brasileira, Dunga convocou 81 jogadores até a partida contra a Venezuela, na última quarta-feira, em Campo Grande. Ao todo, o treinador colocou em campo 64 atletas. Robinho, com 46 participações foi quem mais atuou com o treinador. O meia Zé Roberto, atualmente no Hamburgo, da Alemanha, foi chamado na primeira lista do técnico, mas pediu dispensa logo em seguida e não foi mais lembrado.

A primeira competição oficial do treinador no comando da seleção foi a Copa América de 2007. Sem a presença dos meias Kaká e Ronaldinho Gaúcho, que pediram dispensa, Dunga foi obrigado a montar uma nova equipe, que chegou a Venezuela desacreditada. Comandado por Robinho, o “novo” Brasil estreou com derrota para o México (2 a 0). No entanto, após uma campanha exuberante, o time canarinho goleou a Argentina na decisão por 3 a 0 e levantou o caneco em Maracaibo. Era o início da afirmação.

Dunga iniciou o seu trabalho de renovação apostando em novos talentos e atletas pouco aproveitados em competições anteriores. Porém, muitos jogadores chamados em 2006 já não figuram mais entre os prováveis convocados para a Copa do Mundo. São os casos de Daniel Carvalho, CSKA, Vágner Love, do Palmeiras, e Fred, do Fluminense, que tiveram oportunidades, mas não estão mais nos planos. O volante Mineiro, por exemplo, disputou 23 partidas e está praticamente descartado.

Por outro lado, nomes como o goleiro Victor, do Grêmio, e o lateral-esquerdo André Santos, do Fenerbahce, conquistaram suas vagas já no fim das eliminatórias e estão bem perto de chegar à Copa do Mundo de 2010. Na reta final para garantir uma vaga no Mundial, Ronaldo ainda corre atrás do sonho de disputar a sua última competição pela seleção. Tudo depende do peso do atleta, que vive uma briga constante bom a balança.

46 jogos
Robinho (15 gols)
44 jogos
Gilberto Silva
41 jogos
Maicon (4 gols)
38 jogos
Elano (6 gols)
33 jogos
Julio César (21 gols sofridos)
31 jogos
Lúcio (2 gols), Kaká (13 gols) e Daniel Alves (3 gols)
29 jogos
Juan (4 gols)
26 jogos
Josué (1 gol)
24 jogos
Júlio Baptista (5 gols)
23 jogos
Mineiro
22 jogos
Gilberto, Luis Fabiano (19 gols) e Luisão (2 gols)
21 jogos
Diego (2 gols)
20 jogos
Vagner Love (4 gols) e Ronaldinho Gaúcho (5 gols)
13 jogos
Alex (Chelsea) e Felipe Melo (2 gols)
12 jogos
Kleber (1 gol)
11 jogos
Adriano Imperador (2 gols)
10 jogos
Doni (9 gols sofridos) e Ramires
9 jogos
Rafael Sóbis (1 gol) e André Santos
8 jogos
Dudu Cearense, Afonso Alves (1 gol), Anderson e Alexandre Pato (1 gol)
7 jogos
Marcelo (1 gol) e Nilmar (5 gols)
6 jogos
Fred (1 gol), Edmílson e Miranda
5 jogos
Lucas
4 jogos
Gomes (2 gols sofridos), Daniel Carvalho (2 gols), Helton (4 gols sofridos), Naldo, Fernando (Bordeaux), Thiago Silva, Alex (Spartak) e Diego Tardelli e Kléberson
3 jogos
Cicinho, Adriano (Sevilha), Jô e Mancini
2 jogos
Tinga, Ricardo Oliveira, Alex Silva, Edu Dracena, Richarlyson e Juan (Fla)
1 jogo
Ilsinho, Leonardo Moura, Rafinha, Hernanes, Thiago Neves, Henrique, Sandro (Inter), Filipe Luís e Diego Souza



SEQUÊNCIA DE EMPATES E DERROTA PARA VENEZUELA CAUSAM INCERTEZAS NA SELEÇÃO

O ano de 2008 foi de incertezas. Em junho, a derrota para a Venezuela por 2 a 0, em Boston, causou um grande desconforto para o treinador. A tropeço foi o primeiro de uma seleção brasiliera para o time sul-americano. O confronto ocorreu antes de partidas importantes pelas eliminatórias.

Para piorar a situação, a seleção brasileira se mostrou irregular nas eliminatórias. Em seis jogos, o time obteve duas vitórias, uma derrota e três empates. Curiosamente, as igualdades aconteceram em jogos realizados no Brasil, contra Argentina, no Mineirão (0 a 0), Bolívia, no Engenhão (0 a 0) e Colômbia, no Maracanã, (0 a 0). E as vitórias fora de casa, diante de Chile, em Santiago (3 a 0), e Venezuela, em San Cristóbal (4 a 0).

O próprio Dunga admitiu que a partida diante da Bolívia, no Engenhão, foi a pior da seleção brasileira sob o seu comando.

- O pior jogo foi aquele contra a Bolívia, em casa. Não conseguimos jogar por uma série de fatores. A responsabilidade é nossa porque não conseguimos jogar dentro do campo. Mas quando o ônibus atrasa, o campo é ruim, o hotel sai da linha, muitas pessoas atrapalhando, você vai para o jogo sabendo que vai ser difícil. Você precisa ganhar dentro com os amigos, se acontecer isso, a gente vai ganhar dentro de campo - analisou o treinador.

TÍTULO DA COPA DAS CONFEDERAÇÕES DÁ MORAL À SELEÇÃO BRASILEIRA

O ano de 2009 foi o ano da afirmação de Dunga no comando da seleção brasileira. O time iniciou o ano derrotando a Itália por 2 a 0, em um amistoso, em Londres. A partir daí, o Brasil engrenou uma sequência de vitórias nas eliminatórias e conseguiu garantir a sua vaga com o triunfo sobre a Argentina, no dia 5 de setembro, em Rosário.

Na mesma temporada, o treinador conseguiu conquistar a sua segunda competição oficial no comando da seleção brasileira. Com uma atuação impecável, incluindo a vitória por 3 a 0 sobre a Itália, o time canarinho levantou a taça da Copa das Confederações com uma virada histórica sobre os Estados Unidos. Após estar perdendo por 2 a 0, a equipe conseguiu a virada e derrotou os americanos por 3 a 2.

- Não existe o jogo ideal, mas essa seleção fez vários jogos muitos bons. Todos os jogos contra a Argentina, a seleção teve um rendimento muito bom. O amistoso com a Itália foi um jogo tático, onde os jogadores souberam vencer a partida. O jogo contra o Chile, em casa, pelas eliminatórias. Com um jogador a menos, a gente posicionou o time e conseguimos vencer. Na Copa das Confederações, diante da Itália e dos Estados Unidos, e agora, contra a Argentina - enumerou Dunga.


JOGOS MARCANTES

A nova Era Dunga tem vários jogos marcantes, principalmente contra os argentinos. Em três partidas contra os “hermanos” (uma amistosa e duas oficiais), o Brasil levou a melhor em todas. Diante de Portugal de Cristiano Ronaldo, melhor jogador do mundo na temporada passada, o time canarinho venceu uma (6 a 2) e perdeu outra (2 a 0). Diante da arquirrival Itália, dois triunfos incontestáveis (um amistoso e outro na Copa das Confederações).

O time ainda tem outras vitórias históricas sob o comando do ex-jogador. Pelas eliminatórias para o Mundial de 2010, além de vencer os argentinos, em Rosário (3 a 1), a seleção brasileira bateu o Paraguai, em Assunção (2 a 0), e o Uruguai, em Montevidéu (4 a 0). Na Copa das Confederações, mais dois triunfos marcantes. Goleada por 3 a 0 na Itália, e virada sobre os Estados Unidos por 3 a 2 após estar perdendo por 2 a 0.

VITÓRIAS
DATA JOGO LOCAL COMPETIÇÃO
03/09/2006 Brasil 3 x 0 Argentina Londres Amistoso
15/07/2007Brasil 3 x 0 Argentina Maracaibo Copa América
19/11/2008 Brasil 6 x 2 Portugal Brasília Amistoso
10/02/2009 Brasil 2 x 0 Itália Londres Amistoso
10/06/2009 Brasil 4 x 0 Uruguai Montevidéu Eliminatórias
21/06/2009Brasil 3 x 0 Itália África do Sul Copa das Confederações
28/06/2009 Brasil 3 x 2 Estados Unidos África do Sul Copa das Confederações
05/09/2009Brasil 3 x 1 Argentina Rosário Eliminatórias
TROPEÇOS E DERROTAS
DATA JOGO LOCAL COMPETIÇÃO
06/02/2007 Brasil 0 x 2 Portugal Londres Amistoso
06/06/2008 Brasil 0 x 2 Venezuela Boston Amistoso
15/06/2008 Brasil 0 x 2 Paraguai Assunção Eliminatórias
18/06/2008Brasil 0 x 0 ArgentinaMineirãoEliminatórias
10/09/2008Brasil 0 x 0 BolíviaEngenhãoEliminatórias
15/10/2008Brasil 0 x 0 ColômbiaMaracanãEliminatórias

Com o empate em 0 a 0 com a Venezuela, em Campo Grande, a seleção não só carimbou o passaporte para a África do Sul, como encerrou as eliminatórias em primeiro lugar. Na competição, Dunga utilizou 40 jogadores e espera fechar a lista para a Copa do Mundo após os últimos três amistosos antes da convocação final. Somado a isso, os títulos da Copa América de 2007 e da Copa das Confederações, a nova Era Dunga parece que vai ter vida longa na equipe canarinho.


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